sexta-feira, outubro 28, 2005

Não me deixe ir...


Ignoras minhas palavras? Mas foram minhas palavras que te encantaram...
Não queres mais?
Ouça...
Sabes quem sou... esqueces dos meus olhos nos teus??
Sabes que sou única quando estamos juntos...
Onde estas que não me vês?
Não queres me ver??
Estou na tua frente meu amor....
Sou eu, sou eu...”o teu paradeiro”...
Sou eu que te amo na mesma intensidade que amas...
Sou eu que amo tua alma....que aceito teus defeitos,
Que aceito ser culpada por tuas angustias, teus desesperos...
Sou eu que te carrego no colo, mesmo quando me derrubas...
Aceito-te, prometi meu amor pra ti... Por que não acreditas?
Tu me ensinastes tantas coisas sobre o amor...
Ensinaste-me a amar de um jeito que eu nunca havia amado
Fez-me acreditar nos "anjos"...
Abrimos juntos a janela para que a primavera entrasse...
Consolamo-nos como naquela primeira imagem de anjos que enviaste-me...
Tateamos nossos rostos no escuro...
Somos poesia, musica, som, vibração, paixão, insaciáveis, imortais quando estamos juntos...
Separados somos meros mortais....
Tu sabes disto... já provaste da "mortalidade"...
Seja eterno comigo...
Se não mais me amas, diga-me, liberte meu coração do teu...
Estou algemada a ti...liberte-me...
Tu não és o “deus” de todas elas? Tu serás feliz em outro colo sim...
Mas jamais amarão tua alma como eu amei...porque a amei sem ver tua face: "Os encontros mais importantes (ao acaso) já foram combinados pelas almas antes mesmo que os corpos se vejam..."
Jamais te escreverão versos, prosas e poemas como escrevi para ti....
Sei que tu pensas que não amarei outra pessoa como te amei... meu amor, se tu me abandonas porque continuarei te amando??
Amar-te-ia se soubesse que me queres como mulher.... mas se tu me abandonas,
Se tu abandonas tua rosa....eu murcharei sim....mas recompor-me-ei do pó de estrela que cair do céu na terra....
Sim, estarás guardado em mim para eternidade amor...mas adormecer-te-ei em meu sangue....
Não me deixe ir amor...tu sabes o que sou quando estás ao meu lado... o que mais no mundo importa??
Não me deixe ir amor...
Não deixe nosso amor morrer... O mundo será mais triste se nos formos...
As estrelas brilharão menos se deixarmos de andar abraçados pelo mundo...
Olha para mim, estou aqui onde sempre estive a te esperar... sou eu amor, não me reconheces??não reconheces a que te fez de espelho??Não reconheces aquela que se viu em tuas pupilas??
Não me deixe amor... sabes que se eu for não mais poderei voltar....

Aceitarás o amor como eu o encaro?
"...Azul bem leve, um nimbo, suavemente
Guarda-te a imagem, como um anteparo
Contra estes móveis de banal presente.
Tudo o que há de melhor e de mais raro
Vive em teu corpo nu de adolescente,
A perna assim jogada e o braço, o claro
Olhar preso no meu, perdidamente.
Não exijas mais nada.
Não desejo também mais nada, só te olhar, enquanto
A realidade é simples, e isto apenas.
Que grandeza... a evasão total do pejo
Que nasce das imperfeições.
O encanto que nasce das adorações serenas."

Mário de Andrade

Certa vez perguntastes se eu me lembrava desta canção...pois naquele momento tu te vias “distante demais” de mim...Tu interpretaste a canção erroneamente...
Leia e verás que estamos “distantes demais” dos outros mortais....o nosso amor, a nossa imensidão, nossas palavras estão “distantes demais” do mundo.... Somos um só juntos....”distantes demais” de qualquer outro sentimento....
Inalcançáveis, inatingíveis....
Não nos deixe ir...


"Somos Somente a fotografia.
Dois navegantes perdidos no cais
Distantes demais
Somos instantes, palavras, poesia
Dois delirantes ficando reais
Distantes demais
Noites de sol, loucos de amar,
Quem poderia nos alcançar.
Eu e você, sem perceber,
Fomos ficando iguais, Longe,
Distantes demais"

quarta-feira, outubro 26, 2005

Amar não é tudo?


Caminha pelos mesmos caminhos de sempre, porém eles não parecem os mesmos...Ela não percebe mais as flores, as arvores, os cheiros, a sensação da primavera... Caminha sem destino apesar de ter o "destino" em mente... mas a leveza se foi...carrega o fardo do seu próprio corpo... se pudesse, abandonava-o e seria apenas fluido, uma imagem "transparente", sumiria... Tinha ouvido coisas desoladoras, que jamais pensou ouvir dele... "Amar não tudo?" lembra, enquanto enxuga as lágrimas... Ele havia lhe prometido amor eterno, prometeu cuidar dela...ela não queria mais nada, ela já tinha tudo, o seu amor. Ela não havia pedido nada, apenas que não falasse sobre sentimentos que pudesse não ter certeza que sentia...pediu também que não a fizesse sofrer... Ela sempre tinha imaginado o amor como algo sublime, metafísico talvez....tinha respeito por aquele sentimento, tanto respeito que o havia declarado para poucas pessoas em sua vida....
O que seria o amor diante da distância entre a lua e as estrelas??O que seria a distância entre o "pequeno príncipe" e a sua amada rosa?È realmente uma responsabilidade amar...Cuidar dos que nos amam é fato real...O que seria de nós se não fossemos amados por alguém?Não há nada no mundo que seja maior do que o amor verdadeiro... Crenças, dúvidas, especulações, mentiras, superficialidade....tudo tão pequeno diante da grandeza do amor...
Ela nunca quis ser anjo, ele quis que ela o fosse... mas ela não é... nem queria ser, nem se fez ser... ela queria voar sim, queria apenas asas para voar na imensidão dos sentimentos mais profundos, para viver intensamente sua paixão... Por que ele a deseja como algo celestial? Ela é real, seria tão difícil acreditar nisto? Por que desejar os anjos inatingíveis? Por que ele nunca ensinou e nem mostrou novos caminhos, novos caminhos que pudessem trilhar juntos??Por que apenas a crucificou por não ser o anjo que ele mesmo criou? Por que ele não valorizou a singeleza na forma que olhava nos seus olhos? Por que não percebia a forma que o amava totalmente? Por que não lembrou quantas vezes ela o havia perdoado? Ou mesmo como ela sempre o aceitou do jeito que era, imperfeito, mortal? Por que valorizar pequenas incompatibilidades e desvalorizar tudo que construíram juntos em pouco tempo? Sonhos, palavras, poesias, segredos, amor... Por que ele a via como alguém que estava contra ele, mesmo quando ela pedia que dividisse sua dor com ela, para que pudesse entendê-lo? Por que nunca a viu como sua cúmplice, sua amiga? Por que escondeu tantas coisas dela?
“amar não é tudo...” novamente lembra ela.... Ele não sabia mesmo o que seria amar, ele nunca havia sido amado inteiramente, nunca... realmente não poderia saber amar...
Cala, sente....respira com dificuldade...enxuga as lágrimas que escorrem dentro de si... Ela nunca quis “comove-lo” em nada, nem deixa-lo sentir-se culpado; ela não via coerência nisso.... Apenas tinha o doce pensamento de poder contar tudo a seu amado, cada pedacinho do seu sentimento.... E para o amor é necessário inventar histórias irreais? O amor conta a história sozinho, é único... Conta, mostra, chora, agoniza...sufoca.... Basta-se... não precisa de palavras ou gestos...ele exala, impregna.... Basta-se...
Ela não quer asas, quer o chão, aceita a solidão, o preço que pagou por amar... Devolve as asas que lhe deu, deseja adormecer ali mesmo, no chão.... Diz a si mesma: "Bem vindo ao mundo dos mortais, coração".

domingo, outubro 23, 2005

A hora de partir



Pensa que sempre adia a hora de "partir"... Já havia andado pelo mundo, já havia experimentado sabores e “desabores”... achava ter encontrado um lugar onde pudesse ser livre. Pensava em liberdade como uma sensação de expressão de amor sem limites... Jamais houvera mostrado seu amor. Tinha gostado de ser ela mesma. Lembrou-se de uma das suas autoras prediletas, Lispector: "se meus amigos conhecessem quem eu realmente sou, sairiam correndo". Havia aprendido a amar, estava pronta para amar, mas ele não... Havia feito tudo que jamais havia feito por ninguém; ela deu o que tinha; respirou por ele e por ela... mas ele não estava pronto para amar...
Na verdade naquele momento ela queria "sair correndo", "conheceu-se" mas assustou-se com a sua própria capacidade de amar...Tais pensamentos a atormentavam na hora de decidir sua "partida"... Conheceu o "céu do amor" muito rapidamente e em pouco tempo. Conheceu as trevas também, além do "deserto" de amar sozinha... Sim, conheceu a solidão que tantas pessoas comentavam, a solidão na multidão, ou solidão a dois.... Caminhou em ritmo descompassado; acelerou e correu demais, tão rápida e tão decidida que quando olhou para trás não o viu mais. Voltou, foi buscá-lo, carregou-o em seus braços fracos, porém corajosos como sempre foram... continuou correndo pelo caminho desconhecido... derrubou-o algumas vezes, arrastou-se carregando-o sempre. Levantou-se e foi direto a sua procura, e agora não sabia se seguiria pelo caminho que se abria a sua frente ou voltava para resgatá-lo... Sabia que precisava continuar, voltar seria retroceder, ela queria mais.... queria continuar a busca por si mesma. Tudo continuava se movimentando a sua frente, movimentos rápidos, escolhas rápidas, não podia voltar... diversas vezes ele havia soltado suas mãos, mesmo nos momentos de fragilidade; soltara agora, mais uma vez.... exauriu sua força, de tal forma que afetara o seu sentimento, atingindo o seu amor...sim, o sentimento que nutria por ele chamado amor, sucumbia... já não tinha raiva, nem rancor pelas atitudes dele, mas também já não tinha mais saudades... o amor se esvaia, ela sabia, sabia também não ser mais possível resgatá-lo... sentia o coração sangrar, sangrava tanto que quase não havia mais sangue para "bombear" o amor... sim, morria.... morria parte de si... restavam as recordações.... Levantou-se, olhou para trás, viu o "filme" do amor intenso que vivera...sentiu a tristeza de quem enterra um ente querido.... Ela "sepultou o coração", o seu próprio. Olhou para frente, seguiu com a bagagem e as cinzas do coração nas mãos. O que mais lhe doía era a certeza que tinha de que um dia ele leria a “história” que ela havia escrito, mas de uma forma diferente, como se lesse através dos olhos dela. Ali ele veria o quanto ela “caminhou na tempestade por um beijo dele”... “Mas seria tarde demais" refletiu ela.... “o meu amor já se foi perdido, aqui estão as cinzas do que restou, as lembranças... Ele não percebeu "a medida do meu amor", maltratou..."

Vai coração, voa alto...tu já sofreste demais...
Penaste, arriscastes...Tu não cansas??
Embarca naquele barco, aquele que tu já viajastes tantas vezes,
aquele barco chamado saudade...
Deixe-me só coração...já havia te dito que amor do jeito que queres não existe..
Viste?Acreditates neste amor, e agora agoniza...
Tu mandates eu acreditar, acreditei, e agora que faremos coração??
Carrego tuas cinzas, quando irás te recompor??
Deixaste-me sozinha mais uma vez coração...
Tu sabes que entreguei tudo que tinha, fiz tudo que pude,
mesmo assim deixaste-me apenas com tuas cinzas e as lembranças que
atormentam-me por segundo...
Onde vou agora?

Lisa

"Solidão, o silêncio das estrelas, a ilusão...
Eu pensei que tinha o mundo em minhas mãos...
Como um deus que amanheço mortal
E assim, repetindo os mesmos erros, dói em mim
Ver que toda essa procura não tem fim
E o que é que eu procuro afinal?
Um sinal, uma porta pro infinito, o irreal
O que não pode ser dito, afinal
Ser um homem em busca de mais
Afinal, como estrelas que brilham em paz...em paz..."

"É como se a gente não soubesse
Pra que lado foi a vida
Por que tanta solidão
E não é a dor que me entristece
É não ter uma saida
Nem medida na paixão
Foi, o amor se foi perdido
Foi tão distraido
Que nem me avisou
Foi, o amor se foi calado
Tão desesperado
Que me machucou
É como se a gente presentisse
Tudo que o amor não disse
Diz agora essa aflição
E ficou o cheiro pelo ar
Ficou medo de ficar
Vazio demais meu coração
Foi, o amor se foi perdido
Foi tão distraido
Que nem me avisou
Foi, o amor se foi calado
Tão desesperado
Que me maltratou"

domingo, outubro 16, 2005

Domingo de Ilusões


É domingo... Ela acorda e pensa estar na cama em que dormiu até pouco tempo atrás... Era a casa em que crescera... teve a nítida sensação de que sua mãe dormia no quarto ao lado... e aos domingos ela sempre acordava antes da mãe; batia a sua porta e deitava na cama larga, com colchões de mola... Era o momento em que deitava ao lado de sua provedora e segurava sua mão e, muitas vezes, contava como tinha sido a noite de sábado... depois, juntas preparavam o café da manhã, arrumavam a mesa, conversavam mais do que se alimentavam... Ela nunca queria levantar da mesa, mas sua mãe sempre insistia para arrumar o quarto e ajudá-la na cozinha... Tudo isso passou pela mente dela, enquanto dava-se conta de que não estava em sua antiga casa... Era domingo sim, mas ela estava sozinha, não existia nenhum outro quarto além do seu; existia sim uma cama larga e de molas, mas não era a da sua mãe, era a sua própria, ao seu lado não havia ninguém, nem mesmo o calor ou as mãos de sua mãe... Percebendo isto, não quis abrir os olhos, não quis acordar... Forçava um sono que não vinha... era domingo, não havia a casa das amigas de sempre para ir.... não havia a chegada de um parente a sua casa; não havia a voz e passos do sobrinho que sempre a visitava nesses dias... Nem mesmo o irmão, que a cumprimentada de “longe”, mas que, de certa forma, lhe dava a certeza de estar lá.
Durante as últimas duas semanas ela tinha vivido um sonho encantado, acreditava ter encontrado o seu príncipe que a colocaria em seu cavalo alado e a levaria a viver os mais belos sonhos de amor, e que nunca a deixaria sozinha como ela estava agora... Olhou para o celular, nenhuma mensagem; verificou os e-mails, do mesmo jeito... “Onde estaria ele?” pensou ela enquanto relia as palavras doces que recebera dele há pouco dias... porém nestes mesmo últimos dias ela não o encontrava mais...Olha para a foto dele e tenta imaginar o por que dele querer que ela sofra tanto... Tantas vezes ela lhe jurou jamais faze-lo sofrer, tantas agora ele a faz penar com sua ausência, não só física, mas em pensamentos, em palavras... Ela não sentia mais a sincronia dos seus pensamentos, nem recebia mais as palavras que a faziam sonhar durante dias...
Tanto era o peso da dor naquele dia, que ela resolveu ir caminhar... Caminhou tanto no sol que ardia sua pele, que chegou a um bosque... Há anos ela não passava por lá... Sentiu o frescor que as arvores dali lhe causava, era uma brisa fria, gostosa, tranqüila... Observou os animais que ali viviam... Havia muitas famílias que passeavam por lá também, mas ela, ela estava só... A única certeza que tinha era que realmente ela deveria ser muito forte, pois conseguiria chegar ali, sozinha, satisfeita... Deixou o chafariz molhar seu rosto, sentiu o frescor da natureza “crua”, sentou-se no banco, e mais uma vez milhares de pensamentos invadiram sua mente... Angustiada, olhou para o céu e viu os pássaros nos galhos... lembrou-se que um dia havia desejado ser um deles, agora queria novamente...queria voar, ou flutuar como uma pena no vento...simplesmente não suportava a idéia de ter vivido uma ilusão...ela acreditou no amor dele; sendo assim deu-lhe o que nunca havia dado a ninguém, e ainda que ele não tivesse dado amor igual ao dela, o que não entendia era o fato dele faze-la sofrer tanto....e quantas vezes ela dizia isto ele :”por favor, eu te aceito nas condições em que estás porque eu te amo, mas não me faças sofrer...” lembra ainda da resposta dele: “acredite em mim, jamais será amada como eu te amo, te farei a mulher mais feliz e mais amada do mundo!” Naquele fatídico domingo, e por ironia do destino ela se sentia a mulher mais sozinha, mais triste e menos amada do mundo...” Doía-lhe mais pensar que além disso ela o amava tanto, como nunca houvera sido, mas ainda assim não recebera metade do que dera.... Não conseguia chorar, mas ela já sabia que não o faria, pois nos momento de maior angustia e tristeza, ela não conseguia chorar, apenas ofegava, mas quem a olhava, mesmo que não a conhecesse, percebia que seus olhos azuis mais pareciam duas bolas transparentes, ninguém conseguia perceber o seu brilho, eram foscos, tristes mesmo...
Retornou da caminhada, ainda tinha esperanças que ele pudesse lhe fazer uma surpresa, que estivesse em frente a sua casa esperando-a... Cruzou a última esquina, mas a rua estava vazia... ”ele pode não ter vindo de carro”- imagina. “Pode estar lá dentro esperando!”, decepciona-se mais uma vez, estava tudo vazio... Abre a porta de sua casa, na mesa encontra uns versos que havia guardado para ele:
“Cada dia que passa, e não te vejo, fico com um imenso desejo de criar asas e voar até ti para poder roubar um beijo e assim, dormir. Mas como isso não posso fazer, tenho que me contentar com o simples fato de apenas querer, mas que, um dia, vou poder ter tudo que eu sempre amei, você! Agora sou uma prisioneira do amor, enjaulada numa casa pequena, sozinha e serena, vendo o sol nascendo quadrado por meu coração estar apertado com saudades de ti. Estou enjaulada numa casa, que por uns momentos eu quis, mas que agora a esqueço e penso que presa nessa casa e sem você nunca serei feliz!”

Naquele domingo, naquele momento, e ao ler tais versos, sente o peso de sua ilusão perdida, a sensação de ter a certeza de que ele nunca a amara, ou não soubera amá-la... Lembrou-se de uma musica e, pela primeira vez, viu-se nela:
“Como um leve papel solto à mercê do vento; cinza de um corpo esvaído de qualquer sentido. Acordo, e o poema-miragem se desfaz desconstruído como se nunca houvera sido”.