quarta-feira, outubro 26, 2005

Amar não é tudo?


Caminha pelos mesmos caminhos de sempre, porém eles não parecem os mesmos...Ela não percebe mais as flores, as arvores, os cheiros, a sensação da primavera... Caminha sem destino apesar de ter o "destino" em mente... mas a leveza se foi...carrega o fardo do seu próprio corpo... se pudesse, abandonava-o e seria apenas fluido, uma imagem "transparente", sumiria... Tinha ouvido coisas desoladoras, que jamais pensou ouvir dele... "Amar não tudo?" lembra, enquanto enxuga as lágrimas... Ele havia lhe prometido amor eterno, prometeu cuidar dela...ela não queria mais nada, ela já tinha tudo, o seu amor. Ela não havia pedido nada, apenas que não falasse sobre sentimentos que pudesse não ter certeza que sentia...pediu também que não a fizesse sofrer... Ela sempre tinha imaginado o amor como algo sublime, metafísico talvez....tinha respeito por aquele sentimento, tanto respeito que o havia declarado para poucas pessoas em sua vida....
O que seria o amor diante da distância entre a lua e as estrelas??O que seria a distância entre o "pequeno príncipe" e a sua amada rosa?È realmente uma responsabilidade amar...Cuidar dos que nos amam é fato real...O que seria de nós se não fossemos amados por alguém?Não há nada no mundo que seja maior do que o amor verdadeiro... Crenças, dúvidas, especulações, mentiras, superficialidade....tudo tão pequeno diante da grandeza do amor...
Ela nunca quis ser anjo, ele quis que ela o fosse... mas ela não é... nem queria ser, nem se fez ser... ela queria voar sim, queria apenas asas para voar na imensidão dos sentimentos mais profundos, para viver intensamente sua paixão... Por que ele a deseja como algo celestial? Ela é real, seria tão difícil acreditar nisto? Por que desejar os anjos inatingíveis? Por que ele nunca ensinou e nem mostrou novos caminhos, novos caminhos que pudessem trilhar juntos??Por que apenas a crucificou por não ser o anjo que ele mesmo criou? Por que ele não valorizou a singeleza na forma que olhava nos seus olhos? Por que não percebia a forma que o amava totalmente? Por que não lembrou quantas vezes ela o havia perdoado? Ou mesmo como ela sempre o aceitou do jeito que era, imperfeito, mortal? Por que valorizar pequenas incompatibilidades e desvalorizar tudo que construíram juntos em pouco tempo? Sonhos, palavras, poesias, segredos, amor... Por que ele a via como alguém que estava contra ele, mesmo quando ela pedia que dividisse sua dor com ela, para que pudesse entendê-lo? Por que nunca a viu como sua cúmplice, sua amiga? Por que escondeu tantas coisas dela?
“amar não é tudo...” novamente lembra ela.... Ele não sabia mesmo o que seria amar, ele nunca havia sido amado inteiramente, nunca... realmente não poderia saber amar...
Cala, sente....respira com dificuldade...enxuga as lágrimas que escorrem dentro de si... Ela nunca quis “comove-lo” em nada, nem deixa-lo sentir-se culpado; ela não via coerência nisso.... Apenas tinha o doce pensamento de poder contar tudo a seu amado, cada pedacinho do seu sentimento.... E para o amor é necessário inventar histórias irreais? O amor conta a história sozinho, é único... Conta, mostra, chora, agoniza...sufoca.... Basta-se... não precisa de palavras ou gestos...ele exala, impregna.... Basta-se...
Ela não quer asas, quer o chão, aceita a solidão, o preço que pagou por amar... Devolve as asas que lhe deu, deseja adormecer ali mesmo, no chão.... Diz a si mesma: "Bem vindo ao mundo dos mortais, coração".

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Um dia aprenderemos a simplicidade do amor...
Não mais faremos especulações
não mais teremos grandes expectativas,
não mais colocaremos no outro a obrigatoriedade de nos sentir, nos conhecer,
não mais teremos defesas, medos em demonstrar algo tão gostoso, tão necessário...
Um dia entenderemos...

11:38 AM  

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